Que me desculpe o poeta. Porque esse poema agora leva o meu nome, e não do seu menino Bernardo.
Maria é quase árvore.
Silêncio dela é tão alto que os passarinhos
ouvem de longe
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho
1 abridor de amanhecer
1 prego que farfalha
1 encolhedor de rios -
e
1 esticador de horizontes.
(Giglliara consegue esticar o horizonte usando 3
fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.)
Maria desregula a natureza:
Seu olho aumenta o poente.
(Pode uma menina enriquecer a natureza com a sua
incompletude?).
Entre os meu favoritos
Lugar sem comportamento é o coração.
Ando em vias de ser compartilhado.
Ajeito as nuvens no olho.
A luz das horas me desproporciona.
Sou qualquer coisa judiada de ventos.
Meu fanal e um poente com andorinhas.
Desenvolvo meu ser até encostar na pedra.
Repousa uma garoa sobre a noite.
Aceito no meu fado o escurecer.
No fim da treva uma coruja entrava.
(Livros de Manoel: O Livro das Ignorãças)
Nenhum comentário:
Postar um comentário