quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"As coisas que não existem são mais bonitas" Morreu o meu Poeta Manoel

 Matéria sobre > Manoel de Barros, Poeta das coisas simples 


Que me desculpe o poeta. Porque esse poema agora leva o meu nome, e não do seu menino Bernardo.

Maria é quase árvore. 
Silêncio dela é tão alto que os passarinhos ouvem de longe 
E vêm pousar em seu ombro.
 Seu olho renova as tardes. 
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho
 1 abridor de amanhecer 
1 prego que farfalha 
1 encolhedor de rios - 
e 1 esticador de horizontes. 
(Giglliara consegue esticar o horizonte usando 3 fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.) 
Maria desregula a natureza:
 Seu olho aumenta o poente.
 (Pode uma menina enriquecer a natureza com a sua incompletude?).  







Entre os meu favoritos 

Lugar sem comportamento é o coração.
 Ando em vias de ser compartilhado. 
Ajeito as nuvens no olho. 
A luz das horas me desproporciona. 
Sou qualquer coisa judiada de ventos.
 Meu fanal e um poente com andorinhas. 
Desenvolvo meu ser até encostar na pedra.
 Repousa uma garoa sobre a noite.
 Aceito no meu fado o escurecer. 
No fim da treva uma coruja entrava.



(Livros de Manoel: O Livro das Ignorãças)



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